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Informe e Crítica

18 de jan. de 2011

A Crise das Salas de Cinema em Angola

Sala de Cinema Karl Marx: Show ao invés de Filme...

A Crise das Salas de Cinema em Angola
Nildo Viana
Angola é um país africano de aproximadamente 17 milhões de habitantes e que se tornou independente de Portugal em 1975. Como tantos outros países africanos, após a descolonização teve que buscar constituir sua estrutura pós-colonial enfrentando inúmeras dificuldades, a começar pela guerra civil de 1975 a 2002. Luanda, sua capital, de quase 5 milhões de habitantes e vários séculos de existência, merecia ter uma ampla vida cultural para os atuais padrões da sociedade capitalista. Porém, apesar disso, no que se refere ao cinema possui uma grande dificuldade e atravessa uma grave crise.
As salas de cinema em Luanda passam por dificuldades, sendo que alguns deixam de existir para se transformar em “salas de cultos” ou simplesmente são fechados. O Cine Ngola (Angola é derivada de N’Gola, palavra bantu) foi derrubado. A freqüência nas salas de cinema era grande no início dos anos 1990 e decaiu drasticamente com o passar dos anos até chegar à atualidade (Mateus, 2011). Cinemas como Ngola, Karl Marx, Atlântico, Nacional, 1º de Maio, São Paulo, Corinba, Tivoli, Miramar e África eram opções que tiveram seu público e entraram em decadência, sendo abandonados e passando e ficar em péssimas condições, com rachaduras nas paredes e alguns sem texto, cadeiras, sistema de som e tecnologia de projeção adequada (Mateus, 2011). Das 13 salas de projeção da década de 1990, restam duas, o cine Atlântico e o Corimba. Uma opção moderna se encontra no Belas Shopping, o CinePlace, seguindo a tendência mundial de concentração dos cinemas em Shoppings Centers. O Ministério da Cultura de Angola, através da Endecine – Empresa de Distribuição de Cinema, esboça planos para recuperação das salas de cinema. Para isso, ela assumiu a responsabilidade de algumas salas de projeção (Nacional, Tropical, Cazenga, África Cine, Atlântico, Tivoli, Corimba, São Paulo e os Alfas, que são duas salas). O objetivo é recuperar as salas, modernizá-las e revitalizar a distribuição (Mateus, 2011) e para isso busca o apoio da sociedade civil e iniciativa privada.
Sem dúvida, a sociedade angolana precisa não apenas reaparelhar e ampliar as salas de cinema, bem como retomar sua produção cinematográfica e divulgá-la e, mais ainda, inaugurar um momento de reflexão crítica sobre o cinema, a assistência, o processo de produção, recepção, interpretação das próprias produções fílmicas. Nesse sentido, o cinema pode ser revalorado e retomado numa perspectiva crítica e que colabore com a luta pela emancipação humana neste país. A recuperação, modernização e ampliação das salas de cinema é um ponto de apoio para este processo e por isso deve ser concretizado.
Referências:
MATEUS, Venceslau. Parque Cinematográfico Luandense Clama por Salvação. In: Agência AngolaPress acessado em 18/01/2011.

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