A Utopia no universo
ficcional de Léo Joannon
Nildo Viana
“As utopias não são mais que verdades
prematuras”
Lamartine
A utopia pode ser compreendida como um projeto de uma sociedade futura
no qual se realiza a felicidade humana. Ela pressupõe um momento negativo e um
momento afirmativo. O momento negativo consiste na crítica da sociedade
existente e o momento afirmativo se revela no projeto de uma nova sociedade. A
utopia, sendo um projeto, é um sonho, um plano, um desejo, voltado para o
futuro. Utopia e futuro são inseparáveis. Pensar a utopia é pensar um futuro
radicalmente diferente do presente. A utopia pode se manifestar enquanto ficção
ou enquanto proposta política concreta. No presente artigo focalizaremos a
manifestação da utopia em um filme de Léo Joannon, que expressa um universo
fictício cujo tema principal é o sonho de uma sociedade radicalmente diferente.
A primeira manifestação mais elaborada de utopia ocorreu com a obra de
Thomas Morus (1980). Em A Utopia, Morus realiza uma crítica da
sociedade inglesa de sua época na primeira parte e descreve uma ilha chamada
Utopia, criando este nome, e cuja organização social seria oposta à primeira. O
momento negativo e o afirmativo estão presentes na estrutura da obra, bem como
o desejo de sua realização, pois tal como Morus termina a obra, “aspiro, mais
do que espero” (Morus, 1980, p. 155). Assim, “um estado de espírito é utópico
quando está em estado de incongruência com o estado de realidade no qual
ocorre” (Mannheim, 1986, p. 216).
Porém, a utopia não é desejada por todos, ela é desejada apenas por
aqueles que estão insatisfeitos com a sociedade existente e cuja insatisfação
assuma uma certa radicalidade. A utopia concreta, ou seja, realizável, é uma
“consciência antecipadora” (Bloch, 2005) quando possui agentes concretos,
reais, para sua realização, tal como apontado por Marx. Para Marx, o projeto de
transformação social é interesse do proletariado, que não apenas aspira como
tem o potencial de concretizar a constituição de uma nova sociedade, o
“autogoverno dos produtores” (Marx, 1986). A insatisfação atinge a todas as
classes na sociedade burguesa, inclusive a própria burguesia, mas esta “se
sente à vontade em sua alienação”, pois sabe que é dela que retira sua força e
poder (Marx, 1979). O proletariado, no entanto, é a própria negação da
sociedade burguesa, e, por conseguinte, é o agente da realização da utopia
(embora Marx não use esta palavra).
Para Ernst Bloch, o grande teórico da utopia, esse projeto de nova
sociedade se manifesta nas múltiplas vivências humanas, inclusive na arte. Este
é o caso da leitura, pois “quanto mais cinzento o cotidiana, tanto mais coisas
coloridas se lêem” (Bloch, 2005, p. 397). Citando Pudovkin, cineasta russo,
Bloch diz que o cinema usa a realidade para criar “outra realidade”. A arte é
uma expressão figurativa da realidade e se manifesta sob diversas perspectivas
de classe (Viana, 2007). Neste contexto, as obras de arte que manifestam a
perspectiva do proletariado podem ser utópicas. O filme, devido suas
determinações, é a menos utópica das artes, mas carrega em si elementos
utópicos e também produz utopias.
A obra de Thomas Morus era uma manifestação utópica sobre a forma de
ficção. Outras obras fictícias também eram utópicas, tal como A Cidade
do Sol, de Campanella (1984), entre outras. Na produção cinematográfica
isto é muito mais raro. Poucos filmes manifestaram utopias. E muitas vezes com
ambigüidades, tal como A Praia, Danny Boyle (EUA, 1999). O mais
comum é a manifestação de previsões sombrias para a sociedade do futuro, sendo
mais ucronias do que utopias [1]. Este é o caso de filmes como 1984, Michael Radford
(Inglaterra, 1984); Rebelião no Século 21, Charles Band (EUA,
1990); THX 1138, George Lucas (EUA, 1971); Matrix, Andy e
Larry Wachowski (EUA, 1999), entre inúmeros outros. A razão de ser deste
fenômeno está no próprio caráter da produção fílmica, coletiva e com custos
elevados, o que produz a supremacia do capital cinematográfico em sua produção
e, para este, não interessa a utopia. Além disso, aqueles que produzem obras
cinematográficas (diretores, roteiristas, etc.) não estão entre os setores
desprivilegiados da sociedade e sim aos setores privilegiados. Além disso, o
risco de uma descrição de uma futura sociedade sem conflitos, competição e
outros elementos característicos da sociedade moderna correria o sério risco de
fracasso de bilheteria e reconhecimento. Apenas através de uma enorme
criatividade o filme não seria considerado desinteressante até para os
assistentes potencialmente ou conscientemente utópicos.
Porém, apesar destes obstáculos e devido às contradições do capital
cinematográfico e idiossincrasias dos agentes de produção fílmica, algumas
vezes a utopia apareceu nas telas de cinema. Este é o caso do filme Utopia,
Leo Joannon (1951) [2]. Obviamente, que tal
tema teve que aparecer sob a forma de comédia e tendo como estrelas principais
Oliver Hardy e Stanley Laurel, mais conhecidos como o Gordo e o Magro. O filme
é uma expressão figurativa da realidade, e, portanto, remete a ela, seja
realizando sua reafirmação ou sua negação. Porém, a reprodução fílmica da
realidade, por mais conservadora que seja, acaba mostrando ela, mesmo a
contragosto. A reprodução fílmica da realidade expressa uma perspectiva e, além
disso, mostra de determinada forma a realidade social e, assim, pode
possibilitar reflexões que vão além do próprio filme.
O filme começa mostrando o sonho de uma outra sociedade sem as mazelas
da sociedade atual. Afinal, “quem nunca sonhou em conhecer um paraíso”, diz a
legenda inicial do filme. Este é o tema do filme, o sonho de um lugar
paradisíaco, um lugar sem os problemas que nos defrontamos na nossa sociedade.
Porém, só tem sentido haver sonho com outra sociedade no interior da atual
sociedade e através de sua recusa. Esta recusa da sociedade moderna,
capitalista, se apresenta em vários momentos do filme, tal como quando os
personagens mostram suas motivações para querer fugir deste mundo ou então se
mostra a situação na qual se encontravam, ou, ainda, no início, quando os
protagonistas vão receber sua herança (de um deles, Stan Laurel) e são
enganados por advogados desonestos.
A cena cômica mostra as trapalhadas de Oliver Hardy e Stan Laurel e
chega o momento de solicitar a herança. Três grandes pacotes de dinheiro são
apresentados, mas, paulatinamente vão sendo retirados pelos advogados, para
pagar os impostos, taxas, multas, honorários. Os advogados dizem que já
calcularam tudo para “economizar tempo”. A linguagem dos advogados revela a
lógica capitalista do cálculo racional do tempo e do dinheiro e também a
competição e valores dominantes, que fazem com que eles não tenham pudor em
enganar dois inocentes herdeiros. Restam poucas notas no final das contas. Os
advogados, no entanto, consolam o herdeiro dizendo que há ainda uma ilha e um
iate.
Eis que os protagonistas partem e gastam seus últimos centavos, o que
restou da herança, com a taxa da doca e impostos, ficando sem dinheiro nenhum.
Depois de mais algumas trapalhadas, os dois partem de barco rumo à ilha
herdada. Outros personagens são apresentados, tal como Antoine, que não
consegue entrar em nenhum país por não ter passaporte (e não tem passaporte por
não conseguir entrar em nenhum país...), produto da irracionalidade da
burocracia moderna. O diálogo entre o homem sem passaporte e o representante da
lei é, simultaneamente, cômico e revelador.
O outro personagem é um imigrante que busca ir para a Itália, seu país
de origem, mas não tem dinheiro para comprar a passagem. Este personagem entra
clandestinamente no pequeno barco de Laurel e Hardy e o homem sem passaporte é
indicado como mecânico pelo capitão de outro barco. No alto mar, depois outras
tantas trapalhadas, os protagonistas descobrem que o mecânico é apenas um
cozinheiro e que há um clandestino. Neste momento, os personagens demonstram
seu descontentamento e seus sonhos. A viagem para a ilha é como “cabular aula”,
ou seja, possui a sensação de liberdade. O desejo de liberdade em contraposição
à imposição escolar, algo que seria uma “delícia”, é reforçado por outras
comparações com aspectos da sociedade moderna, além da escola. A escola aqui
aparece como metáfora da sociedade. A idéia de “matar aula” expressa a fuga de
uma instituição repressiva, com suas imposições, e a afirmação de que todos
estão “matando aula”, mais ou menos, revela que eles fogem da sociedade
repressiva. Hardy questiona o que Giovanni, o clandestino, cabula e assim todos
mostram sua motivação e apresentam aspectos da sociedade moderna que recusam.
Giovanni diz que está “cabulando” o mundo, “todos sempre me dizem o que fazer e
como fazer”. Laurel e Hardy dizem que cabulam os impostos e Antoine diz que “o
mundo todo pode ser o país de um homem”, “mas para mim as portas estão
trancadas”.
Os personagens se livram dos impostos, da burocracia, da nacionalidade.
Imaginam uma ilha com palmeiras e flores, até a tempestade atingir o pequeno
barco e depois de muitas peripécias, os personagens desembarcam num atol.
Neste, começam a sobreviver e rompem com as hierarquias, já que Hardy comandava
tudo até desembarcarem no atol, e Antoine passa a exigir que ele acenda o fogo
e Giovanni limpe o peixe.
Na hora da refeição, Hardy lê para os demais um livro que estava no
barco: Robinson Crusoé. Eles começam a organizar a produção e graças à
existência de água abundante, puderam realizar o processo de produção e
reprodução da vida material, mesmo usando técnicas agrícolas rudimentares,
ironicamente chamadas de “modernas” no filme.
A ilha teria se tornado um “paraíso”. Mas faltava algo nesse paraíso:
Eva. E é neste momento que um novo personagem aparece: Cherie L’Amour. Ela
acaba de passar em um teste para ser cantora na boate Cacatua, a mais
importante de Papete (Haiti), no mesmo dia do seu casamento com o Tenente Jack
Frazer. Este é informado por ela da aprovação no teste e ele lhe censura, pois
esperava “devoção total” da futura esposa e a discussão se torna cada vez mais
intensa, já que ela argumenta que ele fica até 10 meses fora devido o trabalho.
Nesta cena, um outro aspecto negativo da sociedade moderna é
apresentado: o casamento e a opressão feminina. O casamento não se concretiza e
Cherie foge em um navio e acaba indo parar no atol K. A sua chegada produz
novas ações cômicas dos personagens que buscam impressioná-la, mas esta parte
se encerra com a chegada do navio do Tenente Jack Frazer, cuja missão seria
mapear a ilha e ao encontra Cherie, tenta convencê-la, sem sucesso, de voltar.
Porém, a descoberta de urânio na ilha marca uma mudança no rumo da história. A
ilha sendo rica em urânio seria cobiçada por diversas nações. Eis que aparece o
problema a qual nação pertence a ilha. Frazer pergunta quem desembarcou
primeiro na ilha, pois isto determinaria a que país pertence a ilha. Os quatro
habitantes dizem que a ilha pertence a eles, o que Frazer concorda, pois eles
seriam os proprietários, mas a ilha tem que ter um país. E pertencendo a um
determinado país, terá que respeitar as leis dele, tal como a lei de imigração,
impostos, comércio, ou seja, tudo do que eles fugiam. Eles pensam em dizer que
os quatro desceram juntos, mas Laurel diz que não se deve mentir e Hardy,
espertamente, concorda, pois o primeiro a descer foi justamente Antoine, o
homem sem nacionalidade. Isto promove uma confusão completa e se cria uma
comissão internacional para definir a qual nação pertence o “Atol K”. Para
evitar isto, os personagens resolvem criar um governo para salvar a ilha. Um
“governo bem pequeno” e cuja constituição forma um regime com poucas leis, sem
passaportes, sem prisões, sem impostos. A recusa da sociedade moderna fica
ainda mais explícita com o que Hardy acrescenta ao final [3]: “vou acrescentar: sem leis e sem
dinheiro”.
Eles escolhem Hardy como “presidente” e os demais, com exceção de
Laurel, que ficou como “o povo”, formam o gabinete. Porém, um país sem leis,
sem exigência de passaporte, entre outras características, não só se torna
muito atrativo como também permite que qualquer um possa entrar nele. A
imprensa divulga que “Crusoelândia libera imigração” e é “uma ilha sem leis”.
Isso faz com que uma multidão se mude para a ilha e a transformam radicalmente.
Neste processo, a ilha sem lei acaba atraindo pessoas de todos os tipos
e exploração de urânio. Isso logo promove confusões. Um dos novos habitantes da
ilha cria uma confusão dizendo que quer Cherie e isto promove uma reunião dos
membros do “governo” que resolve mudar as regras do jogo, constituindo leis,
ordem e impostos.
Estas mudanças provocam uma reação da população e comandados por Alecto,
o criador da confusão, que se torna o novo presidente, eles são condenados à
forca. Cherie é poupada devido ao interesse de Alecto e consegue pedir ajuda
para o Tenente Frazer, bem como tenta ajudar na fuga de seus amigos. Na hora do
enforcamento, depois de uma tentativa de fuga mal sucedida, uma tempestade
começa e logo o atol desaparece com a mesma rapidez com que havia aparecido,
fazendo todos fugirem com os barcos, menos os descobridores da ilha, que
conseguem flutuar com a madeira que era o suporte para o enforcamento. O
Tenente Frazer chega e resgata os cinco.
Após isto, há o retorno à vida antiga e Cherie se casa com Frazer,
reproduzindo o conflito entre ambos, Giovanni consegue voltar para a Itália,
onde ao invés de “construir palácios de mármore” passará o resto da vida
fazendo cercas e Antoine tenta entrar em um país usando a estratégia de entrar
numa jaula de animal para conseguir isso, tal como no início do filme no qual
entrou numa jaula de macacos, e acaba sendo devorado por um leão.
Assim, o final do filme mostra o fim do belo sonho utópico dos
personagens. O casamento com suas contradições, o trabalho desgastante e
repetitivo, a morte dos mais pobres e sem nacionalidade. O modo de vida
anterior é restaurado para os personagens e seus problemas permanecem. Aqui se
mostra o fim de um sonho e a continuação de um pesadelo. Porém, ainda restava
uma esperança: Laurel e Hardy são levados para sua ilha, onde eles pensavam que
seus problemas haviam acabado e que ninguém mais iria mandar neles, o que
revela a preocupação com as relações sociais da modernidade. Porém, o novo
sonho logo se desfaz, pois a ilha foi tomada pelo governo, por “falta de
pagamento de impostos” e até os suprimentos doados por Frazer são levados devido
à multa pelo atraso do pagamento dos impostos. O final do filme mostra o fim
definitivo do sonho utópico de uma vida sob outras relações sociais. Laurel e
Hardy perdem a ilha e terão que se reintegrar na sociedade capitalista, tal com
os demais personagens.
O filme, apesar disso, pode ser considerado utópico e não apenas um
filme que tematiza a utopia. Isto tem sentido se notarmos que mesmo após o fim
do sonho, há a reafirmação da crítica da sociedade capitalista, que produz
relações conflituosas e opressão (casamento de Cherie e Frazer), o trabalho
alienado (Giovanni), a morte por não ter nenhuma chance graças até mesmo à
falta de nacionalidade (Antoine) e perda da ilha para o governo (Laurel e
Hardy).
A recusa da sociedade capitalista está presente em todo o filme e sua
capacidade de destruir os sonhos utópicos, pois foi justamente a invasão de
Crusoelândia e o governo que impediram a manutenção de novas relações sociais.
Sem dúvida, o final é pessimista, já que a utopia não se realiza, mas também é
crítico, já que mostra o governo como aquele que impede sua realização.
Desta forma, o filme apresenta o momento negativo, a crítica da
sociedade capitalista, realizada na tela pelos setores mais desfavorecidos da
população, e o momento afirmativo, embora incipiente, através da idéia de
liberdade e cooperação. A utopia do Atol K é uma utopia abstrata que mostra a
necessidade das utopias enquanto reinar a insatisfação com a sociedade
presente.
Porém, é possível extrair um significado mais profundo em todo este
processo. A utopia que fracassa no filme de Joannon é aquela que Bloch denomina
“utopia abstrata”, ou seja, aquela que não apresenta os meios de concretização.
O Atol K é apenas um atol, isolado do mundo e, após emergir, é habitado por
seres humanos reais, histórico-concretos. O pequeno grupo inicial manifestava
um sonho utópico que logo começou a desmoronar quando a população de outras
localidades se encaminhou para lá. A recusa da sociedade moderna expressa na
ação dos quatro personagens foi superada pela população que aportou na ilha e
levando consigo a mentalidade dominante com o conjunto de valores, idéias e
sentimentos típicos da sociedade capitalista, bem como seus interesses, tal
como o da exploração do urânio.
A sociedade circundante fez Crusoelândia se corromper e nesse processo
se mostra que a transformação social, a autogestão social ou o comunismo, não
pode ser uma ilha isolada, pois esta pode ser reintegrada na sociedade
capitalista a qualquer momento, pois esta a cerca com o mercado, o Estado, a
mentalidade e cultura dominantes, etc. A utopia é uma necessidade humana
enquanto os seres humanos viverem numa sociedade repressiva, mas ela tem que
ser totalizante, ou seja, abarcar o conjunto das relações sociais e da
sociedade, além das fronteiras dos limitados Estados-Nações, se tornando
mundial (Decouflé, 1976).
Por fim, podemos dizer que o filme de Léo Joannon é uma expressão
utópica que revela a negação do presente indesejado e afirmação de um futuro
desejável. Como todo filme, ele é um fenômeno social que manifesta o social
(Viana, 2009) e por isso manifesta também os sonhos e desejos dos seres
humanos. Mas, parafraseando Hegel, não basta desejar, é preciso saber desejar.
Saber desejar a utopia é justamente transformar a utopia abstrata em utopia
concreta. Porém, sempre as utopias abstratas antecedem as utopias concretas,
pois estas últimas não nascem da cabeça dos intelectuais ou de aventureiros, e
sim das lutas sociais concretas das classes exploradas e grupos oprimidos e é
por isso, por possuir agentes reais e concretos, que ela é realizável. O filme
de Léo Joannon mostra um momento necessário, o da utopia abstrata, e suas
limitações, ponto de partida para se passar para a utopia concreta e por isso é
uma obra de grande valor.
Referências
Bloch, Ernst. O Princípio Esperança. Rio de Janeiro, Contraponto,
2005.
Campanella, T. A Cidade do Sol. Rio de Janeiro, Ediouro, 1984.
Decouflé, André. Sociologia das Revoluções. Lisboa, Europa-América,
1976.
Mannheim, Karl. Ideologia e Utopia. 4ª edição, Rio de Janeiro,
Guanabara, 1986.
Marx, Karl e Engels,
Friedrich. A Sagrada Família. Lisboa, Presença, 1979.
Marx, Karl. A Guerra Civil na França. São Paulo, Global, 1986.
Morus, Thomas. A Utopia. Rio de Janeiro, Ediouro, 1980.
Viana, Nildo. A Esfera Artística. Marx, Weber, Bourdieu e a
Sociologia da Arte. Porto Alegre, Zouk, 2007.
__________. Como Assistir um Filme? Rio de Janeiro, Corifeu,
2009.
[1] Aqui ucronia tem um significado
diferente do que muitos atribuem, sendo o exato oposto da utopia. A utopia é o
não-lugar que nega a sociedade existente e propõe uma nova sociedade, enquanto
que a ucronia apresenta o futuro, o “novo” como sombrio, seja por ser uma
metáfora da sociedade atual, seja por prever que a sociedade atual irá promover
algo pior do que ela mesma (Viana, 2009).
[2] O filme também ficou conhecido como
“Atoll K” (título utilizado na Itália) e “Ilha de Robinson Crusoé”
e, no Brasil, como “Ilha da Bagunça” e “O Paraíso dos Malandros”,
entre outros nomes.
[3] Claro que isto constitui uma
contradição, pois se no início se coloca “poucas leis” e a constituição é
formada por leis, então o item “sem leis” entra em contradição com tudo que
estava colocado anteriormente. De qualquer forma, ao colocar “sem leis” e “sem
dinheiro”, há uma recusa simultânea do capital e do Estado, ou seja, embora de
forma não refletida e aprofundada.
O artigo acima é sobre o filme Utopia,
Léo Joannon (França/Itália, 1951).
2 comentários:
O debate sobre utopia tem sido algo desqualificador para quem sonha e luta por superar a sociedade capitalista, seu trabalho colabora para quem vê, sente e luta para superar a exploração, assim, olhar a obra de arte sobre o prisma dos trabalhadores potencializa os argumentos culturais na e da luta, gostei e recomendo a leitura aos inquietos, inconformados e lutadores sem desespero.
Edmilson, agradeço suas palavras e são verdadeiras, pois nós temos que manter acesa a chama da utopia e você contribui com isso, bem como muitos outros e é nessa união e expansão de pessoas que entendem a necessidade e compartilhar o desejo da transformação social que poderemos reforçar tal tendência e contribuir para que ela se torne realidade. Abraços!
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