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Informe e Crítica

25 de fev. de 2021

LA DOLCE VITA: CAPITALISMO, FUTILIDADE E INSATISFAÇÃO

 



LA DOLCE VITA:

CAPITALISMO, FUTILIDADE E INSATISFAÇÃO

 

Nildo Viana

 

O renomado cineasta Federico Fellini é o diretor do filme La Dolce Vita (A Doce Vida), de quase três horas de duração lançado em 1960. O filme é uma obra de grande sucesso e foi bem recebido pela crítica, bem como ganhou vários prêmios. O nosso objetivo não é apresentar uma análise do filme e sim extrair do filme aquilo que ele mostra sobre a sociedade capitalista, seja esta ou não a intencionalidade de Fellini[1]. O que apresentaremos aqui é o que o filme mostra e é essa mostração que nos interessa.


TRAILER DE "LA DOLCE VITA".


O filme mostra diversas questões da sociedade atual. O jornalismo sensacionalista e os paparazzi (a origem do termo, inclusive, remete ao personagem do filme chamado Paparazzo), na busca por cobrir a vida das celebridades e acontecimentos pitorescos, como a suposta aparição de Nossa Senhora Aparecida, a dificuldade de comunicação, entre diversos outros aspectos da sociedade capitalista da época, sendo que a maioria deles se reproduz sob forma ampliada na contemporaneidade.

O elemento mais presente do filme, no entanto, é a futilidade que perpassa a vida cotidiana no capitalismo oligopolista transnacional. O modo de vida capitalista se revela um modo de vida fútil[2]. A futilidade acompanha o capitalismo, mas vai se intensificando com o seu desenvolvimento. No início, ela atingia apenas a burguesia (assim como antes a nobreza, sob forma diferente), mas depois da Segunda Guerra Mundial e a emergência do novo regime de acumulação, o conjugado, e do Estado integracionista (supostamente do “bem-estar social”) ela se amplia para os extratos mais elevados das demais classes superiores (intelectualidade e burocracia) e, no caso dos países imperialistas, os estratos mais elevados das classes inferiores. A expansão da mercantilização e, por conseguinte, do consumismo (e a ideologia da “sociedade de consumo” emergia nesse momento), reforçava a futilização da vida social. A mercantilização da cultura é outro elemento que, acompanhado pelo consumismo de bens supérfluos, expressa uma das expressões do modo de vida fútil. Hoje, durante o regime de acumulação integral, esse processo se amplia atingindo em grau mais intenso os extratos mais elevados das classes inferiores no capitalismo imperialista e chega até setores dela nos países de capitalismo subordinado, sob forma marginalizada[3].

Esse aspecto apenas revela mais uma contradição da sociedade capitalista, na qual a satisfação das necessidades básicas vai se ampliando para proporções mais vastas da população, sem poder possibilitar a satisfação das necessidades especificamente humanas, a socialidade e a práxis, que são marginalizadas na sociedade e na vida dos indivíduos. Essas necessidades humanas entram em contradição com as necessidades de reprodução do capitalismo, que exige o trabalho alienado, a mercantilização, a burocratização, a competição social, o que significa a degradação da socialidade (convivência humana) e da práxis (trabalho como objetivação, autorrealização). Sob forma de compensação, a sociedade capitalista gera um conjunto de satisfações substitutas: como o consumismo, o vedetismo, o hedonismo, entre outras coisas. Essas satisfações substitutas, geralmente denominadas como “desejo”, são funcionais para a sociedade e desenvolvimento capitalistas. Assim, o capitalismo une o necessário (a necessidade de reprodução ampliada do mercado consumidor) e o desagradável – a criação de satisfações substitutas (futilidade, consumismo, cultura, tecnologia, etc.) – ao invés de unir o útil ao agradável.

O capital comunicacional tem uma influência nesse processo, pois ele – através da imprensa escrita, TV, rádio – não só é parte da futilização com seus programas, celebridades e produtos culturais, como é incentivador da futilização, do consumismo, e da cultura mercantilizada. Assim, uma grande gravadora não só produz modismos musicais, mas também os divulga e vende, lucrando com isso, fazendo parte da criação, mercantilização e consumo e do constrangimento dos indivíduos para se inserir nesse circuito de consumo passivo. No filme, o vedetismo expressa esse processo. E a atriz Sylvia Rank é expressão máxima desse processo. A fascinação que ela provoca em Marcello mostra bem esse processo. Marcello fica fascinado com Sylvia (e não só ele, sendo que, inclusive, o diretor italiano o agride fisicamente por causa dela). A fascinação é fria, no entanto, tal como se observa na cena em que ele quase acaricia Sylvia, mas não o faz. Ela é um fetiche e não um ser humano, não pode ser tocada. Essa fascinação é como um encantamento, um feitiço, algo externo ao indivíduo e que ele acaba reproduzindo. E toda fascinação, como todo o feitiço, se desfaz e em seu lugar aparece a insatisfação, o que Prokop denomina “tédio”[4]. O jornalismo sensacionalista cria o seu público e este alimenta a “imprensa marrom”, num processo de retroalimentação.


CENA DE MARCELLO E SYLVIA


A Doce Vida mostra justamente a vida fútil que se estabelece na sociedade moderna. As relações amorosas efêmeras de Marcello Rubini (o alter-ego de Fellini, segundo dizem e parece ser), as boates, restaurantes e festas, as bebidas e as casas suntuosas, são expressões desse processo. As relações sociais e as interindividuais perdem a autenticidade e a comunicação é obstaculizada. O mundo das aparências toma conta das relações sociais. Os indivíduos vivem em busca de prazer imediato, do consumo, do sexo, de drogas, e tem até uma cena do filme em que Sylvia Rank, atriz norte-americana, ganha um destaque inusitado ao dançar com um espalhafatoso ator norte-americano ao som do rock and roll[5]. A futilidade perpassa quase todo o filme, desde as primeiras cenas até as últimas. Na primeira cena há o helicóptero carregando a estátua de Jesus Cristo, algo pitoresco, e chamando a atenção das mulheres que tomavam sol de biquini na cobertura de um prédio, bem como Marcello não perdendo a oportunidade de pedir o número de telefone delas. A futilidade se repete na cena seguinte no restaurante no qual Paparazzo, sob solicitação de Marcello, tira uma foto de um casal, sendo que era uma mulher casada e um amante, o que gera confusão e ameaças, até que o personagem principal sai com uma recém-chegada que mostra seu tédio e o busca uma aventura fora da casa noturna. A relação efêmera entre Marcello e Maddalena é apenas uma expressão da futilidade amorosa. A futilidade do consumo se manifesta quando as prostitutas se “encantam” com o carro de Maddalena, bem como se manifesta novamente quando Emma, namorada de Marcello, afirma, na reunião na residência de Steiner, que um dia ele terá uma casa como aquela. A futilidade acompanha todo o filme as últimas cenas apontam para uma festa na casa de um advogado bem-sucedido e termina com os “expulsos” da festa numa praia, curiosos ao encontrarem mais uma aberração (novamente o pitoresco), um “peixe-monstro”, que uma personagem se predispõe a comprar, pois tudo é vendável, assim como a curiosidade sobre coisas pitorescas não é apenas da grande imprensa, mas também das pessoas fúteis (que fornecem audiência para os meios oligopolistas de comunicação).

A futilidade, no entanto, revela seres humanos que possuem suas necessidades básicas satisfeitas, no ilusório “Estado de Bem-Estar Social” (Estado integracionista), mas não suas necessidades especificamente humanas. Na sociedade da futilidade e do consumismo, não há autorrealização, práxis, desenvolvimento da criatividade e potencialidades humanas, nem de autênticas relações sociais, mas apenas aparências, hipocrisia, ostentação, fascinação. Assim, ao lado da futilidade emerge a insatisfação, o “tédio”.

O tema da insatisfação aparece também em todo o filme. Maddalena, quando encontra Marcello na segunda cena do filme, mostra insatisfação e busca uma aventura amorosa para evadir-se. Marcello mostra insatisfação em vários momentos do filme. A inautenticidade de suas relações manifesta isso: Emma, Maddalena, Sylvia, o pai, Steiner, etc. A evasão está sempre presente. Marcello tem dificuldade de concentração e assim o seu projeto de escrever um livro nunca se realiza. A cena na qual ele está num restaurante com sua máquina de escrever é ilustrativa disso. Ora, um restaurante não é o lugar mais adequado para quem quer se concentrar. Ele reclama da música e elementos externos, que são pretextos para sua desistência, o que ocorre quando ele conversa com a garçonete, que lhe desvia para curiosidades sobre a vida alheia.

Porém, a insatisfação se torna muitas vezes insuportável. O modo de vida fútil gera a insatisfação generalizada, a infelicidade completa, e isso leva à vida sem sentido. Uma vida sem sentido, por sua vez, traz o vazio e a ideia do abandono da vida. Assim, o suicídio é outro tema que se repete no filme. O suicídio, como já alertava Marx, tem origem na sociedade, por diversas determinações[6]. No filme, o suicídio é produto do tédio, da insatisfação. A evasão nem sempre funciona. Numa das primeiras cenas do filme, Emma tenta se suicidar tomando remédios. Quando Marcello se encontra em um castelo através de um convite realizado por uma modelo num encontro casual, um dos moradores aponta para uma garota que tentou o suicídio duas vezes e se encontrava encolhida e afastada de todos. O “amigo” de Marcello, Steiner, se suicida e tenta matar seus filhos. O bem-sucedido Steiner se suicidou por causa de sua insatisfação essencial, apesar de estar plenamente satisfeito em suas necessidades básicas e “ter” muita coisa. Erich Fromm, em 1955, já havia diagnosticado o problema da sociedade capitalista durante o regime de acumulação conjugado e mostrado que os países imperialistas eram os campeões de suicídio e uso de drogas[7]. O filme que mostra a futilidade, a evasão, a insatisfação (tédio) também mostra o uso abundante de drogas e o suicídio.

Tem uma parte do filme que ilustra todo esse processo. Trata-se da entrada do pai de Marcello em cena. Marcello revela para Paparazzo que sua relação com o pai nunca teve proximidade, que não conversavam. O reencontro com o pai mantém a superficialidade e logo este afirma que quer conhecer as casas noturnas de Roma. Marcello o leva para uma casa badalada e ao lado do consumo de bebidas aparece a companhia da dançarina, o que se desdobra no fim da noitada no apartamento dela. Aqui temos a futilidade, o consumo, a evasão. Mas, quando Marcello chega no apartamento da dançarina, fica sabendo que seu pai está passando mal. Nesse contexto, temos a insatisfação se manifestando. O pai se mostra insatisfeito e vai embora triste e sem muitas explicações. A euforia da futilidade e evasão é substituída pelo remorso, tédio, decepção, expressões da insatisfação.

Em síntese, uma vida sem sentido, pois é uma vida inautêntica, e suas consequências são apresentadas no filme. A possibilidade de rompimento com a inautenticidade se manifesta no final do filme, quando a garçonete tenta se comunicar com Marcello e ele não entende e volta a ficar com os amigos de festa. Alguns tentaram interpretar o significa do “peixe-monstro” no final o filme. O que o filme mostra é que numa vida fútil e sem sentido, o pitoresco é atraente. Desde a estátua de Jesus Cristo, o aparecimento da santa, passando pelo castelo e a tentativa de evocar espíritos[8], até chegar ao peixe-monstro, temos um retrato da cotidianidade marcada pela futilidade o extraordinário se torna atrativo, mas é sempre externo ao indivíduo. O vazio interno leva à busca de um conteúdo externo. O filme La Dolce Vita mostra que é expressão de uma época e sociedade. O filme é, ele mesmo, expressão dessa vida fútil, pois é uma mercadoria, que envolveu uma diversidade de pessoas e muito dinheiro[9], gerador de “fascinação” e assistido futilmente, bem como gerador de outras mercadorias, tais com música, que posteriormente ganham suportes tecnológicos, como CDs, DVD, etc. A trilha sonora, sob responsabilidade de Nino Rota, gerou o sucesso da música La Dolce Vita, que ganharia diversas versões no decorrer dos anos[10].

Assim, La Dolce Vita mostra a futilização da vida através do consumo e evasão, e suas consequências, a insatisfação, a mortificação, o suicídio. O filme expressa bem o capitalismo oligopolista transnacional nos países imperialistas, ambientado na Itália (o filme é uma produção franco-italiana e por isso conta com atrizes e atores franceses), ou seja, o regime de acumulação conjugado no seu período de estabilidade e expansão. A fascinação pelo vedetismo, a evasão, o consumismo, o hedonismo, e outros aspectos são processos reconhecidos nessa época.

Porém, esse processo se ampliou com a passagem para o regime de acumulação integral, a partir dos anos 1980. A rebelião estudantil de Maio de 1968 e sua crítica da “sociedade de consumo”, da burocracia, da razão instrumental, entre outros aspectos da época, foi, ela mesma, transformada nas interpretações posteriores, em um elogio da futilidade (as interpretações que reduzem o fenômeno e seu alcance a uma questão da juventude, da sexualidade, etc.) e a sua apropriação posteiror pelo pós-estruturalismo já marca uma nova ideologia que faz do “desejo” o elemento central das “novas reivindicações”. Isso não deixa de ser cômico, pois transforma a recusa da futilidade em exigência de mais futilidade. Apesar do fim do regime de acumulação conjugado e do “bem-estar social”, a política cultural, a mercantilização, as ideologias, apontam para reforçar o processo de narcisismo, hedonismo, neoindividualismo, hipersexualidade, futilização da vida. O discurso de que tudo é efêmero, fragmentário, é apenas a forma ideológica sob a qual alguns ideólogos buscam naturalizar o modo de vida fútil que reina no capitalismo contemporâneo. É a época de “drogas e amigos inúteis”, como já apontava o cantor Lobão, que não deixa de mencionar Fellini[11]. A questão é que na época do regime de acumulação conjugado se tratava de décadence avec élégance (decadência com elegância)[12] e agora é décadence sans élégance (decadência sem elegância).

A doce vida é, no fundo, uma vida amarga. É isso que o filme mostra: o que parece ser doce é amargo. O modo de vida fútil domina o capitalismo e futilização da vida gera uma insatisfação crescente que leva à autodestruição ou ao ódio. As manifestações cotidianas e contemporâneas disso são bem visíveis, bem como as tentativas de inúmeros indivíduos em se agarrar a algo, seja o sucesso, a fama, a riqueza e o poder, seja a “identidade”, a “sexualidade” ou qualquer outra coisa para escapar da futilização. Isso, no entanto, essa forma fútil de tentar escapar da futilidade é apenas mais uma manifestação da futilização. Nesse círculo vicioso de futilização e insatisfação crescentes, resta a luta contra a futilidade e suas determinações, a sociedade geradora do modo de vida fútil, o que já é um esboço de sua superação.

 

 



[1] Muitos pensam que o filme é uma “crítica da sociedade do espetáculo” (Cf. https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2015/08/1670950-a-doce-vida-e-uma-poderosa-critica-a-sociedade-do-espetaculo.shtml), mas isso é muito mais uma atribuição de significado do que uma análise fílmica. Atribuição de significado é quando o suposto intérprete atribui ao filme aquilo que ele pensa ou considera independentemente da busca de descobrir o significado original, presente na intencionalidade de quem o produziu, enquanto que a análise fílmica visa descobrir o significado original (sobre isso cf. VIANA, Nildo. Cinema e Mensagem. Análise e Assimilação. Porto Alegre: Asterisco, 2012). A ideia de “crítica” pressupõe uma intencionalidade que o cineasta (ou a equipe de produção) precisaria ter e que isso precisaria estar explícito no filme ou sob outra forma (entrevistas, por exemplo). A atribuição de significado, que é o que fazemos aqui, não é problemática caso seja declarada, como fazemos aqui, mas se torna prolbemática quando se afirma que é a mensagem intencionalmente repassada pelo diretor e demais responsáveis pela produção do filme.

[2] Cf. LEROY, Pierre. O Vento ou a Vida? O Modo de Produção Capitalista como Modo de Vida Fútil. Marxismo e Autogestão, vol. 01, num. 01, jan./jun. de 2014. https://redelp.net/revistas/index.php/rma/article/view/254

[3] Se há a generalização do uso de determinados bens de consumo, como carro e TV, é feito através do processo diferenciado das classes sociais. Por exemplo, no capitalismo subordinado, a TV foi paulatinamente se tornando acessível para as classes inferiores, mas a que era Preto-e-Branco e não a TV a cores, que era adquirida por indivíduos das classes superiores. Com o passar do tempo, se generaliza o acesso à TV a cores, mas novas diferenciações se criam (TV Plasma, LED, LCD, diferenciação de polegadas, smartv, etc. com preços diferenciados e que são consumidas por distintas classes, com as devidas exceções, algumas a custo de sacrifícios por parte de alguns indivíduos). O mesmo ocorre com o carro, alguns usam carros usados (aliás, nos estratos inferiores das classes inferiores, era comum usar TV usada), ou os chamados “populares” desde o antigo “fusca” até as demais versões posteriores.

[4] Cf. PROKOP, Dieter. Fascinação  e  Tédio  na  Comunicação.  Produtos  de  Monopólio  e Consciência. In: FILHO, Ciro Marcondes (org.). Prokop. Coleção Grandes Cientistas Sociais. São Paulo: Ática, 1986.

[5] O rock se torna um dos principais elementos no processo de produção capitalista da juventude e criação de um estilo de vida jovem, especialmente a partir dos anos 1950 e tiveram em Elvis Presley e depois The Beatles o auge desse processo, criando inclusive a imagem de “inconformismo” e “rebeldia” para os indivíduos da faixa etária submetida ao processo de ressocialização (cf.: VIANA, Nildo. Juventude e Sociedade. Ensaios sobre a Condição Juvenil. São Paulo: Giostri, 2015; VIANA, Nildo. A Dinâmica da Violência Juvenil. 2ª edição, São Paulo: Ar editora, 2014; e concepções que apontam para o processo de constituição social e capitalista da juventude há também: LAPASSADE, Georges. A Entrada na Vida. Lisboa: Edições 70, 1975; AVANZINI, Guy. Tempos da Adolescência. Lisboa: Edições 70, 1980).

[6] Cf. MARX, Karl. Sobre o Suicídio. São Paulo: Boitempo, 2006. Sem dúvida, não era objetivo de Marx elaborar uma “teoria do suicídio”, mas apenas realizar comentários nos quais aponta alguns elementos sobre esse fenômeno.

[7] FROMM, Erich. Psicanálise da Sociedade Contemporânea. 2ª edição, Rio de Janeiro: Zahar, 1976.

[8] Para quem quiser analisar o filme, uma possibilidade interpretativa é vincular Fellini e seu catolicismo a um questionamento da sociedade da época e aí a motivação dele poderia ser a busca da espiritualidade. Porém, essa é uma possibilidade e somente uma pesquisa mais profunda, incluindo uma biografia de Fellini, sua entrevista (inclusive o filme Entrevista, que possui elementos autobiográficos), aliado a uma análise da sociedade italiana da época (e a força do cristianismo no seu interior nesse período, o significado da democracia cristã e o discurso religioso da igreja nesse período) e uma análise rigorosa do universo ficcional de La Dolce Vita, poderia fornecer elementos para comprovar ou não tal hipótese.

[9] O documentário A Verdade sobre La Dolce Vita (La Verità Su La Dolce Vita ), lançado em 2020, que aponta para a responsabilidade de Fellini e seus gastos financeiros exorbitantes com a produção do filme como responsável pela morte posterior do produtor Giuseppe Amato. Não tivemos acesso a tal documentário, mas há um comentário disponível na internet: BELINCHÓN, Gregório de. A Amarga Verdade de “La Dolce Vita” (https://brasil.elpais.com/cultura/2020-12-14/a-amarga-verdade-de-la-dolce-vita.html).

[10] Cf.: La Dolce Vita: Uma Música, Diversas Versões. Disponível em: https://radiogerminal.blogspot.com/2021/02/la-dolce-vita-uma-musica-varias-versoes.html 

[11] “Sua vida burguesa é um romance/Um roteiro de intrigas/Pra Fellini filmar/Cercada de drogas, de amigos inúteis/Ninguém pensaria que ela quer namorar”

(https://www.youtube.com/watch?v=lv_YdVKvbZs).

[12] Para recordar outra música do mesmo cantor e que também mostra elementos de futilização da vida (https://www.youtube.com/watch?v=p9kW9N71kOU).

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O filme pode ser assistido no aplicativo Telecine, bem como é possível adquirir o DVD, ambos em versão restaurada.

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